22/10/18

Era uma bela tarde numa quinta-feira quando te sentes um pouco cansada. Claro que isso não te impede de te enfiares nos transportes e de ires para o trabalho. Quando lá chegas, vais piorando ao ponto de pedires para ir para casa. E com razão porque mais tarde descobres que estás com 38ºC de febre. 
No dia seguinte, ainda mal entraste no teu local de trabalho e vês uma criança lá no fundo a correr de braços abertos e com um sorriso no rosto a gritar: "Catariiiina, estás melhor??" 
No meu pensamento, ocorreu-me três coisas:

- Após um ano a trabalhar com miúdos, o teu português regride e não é pouco. Lamentas a tua licenciatura em Línguas e Literaturas quando dás por ti a dizer: "eu ouvi ele a dizer". 

- O teu gosto musical também regride um bocadinho. De repente, estás rodeada de crianças a cantarem Soraia Ramos (perdoem-me a ignorância mas até há pouco não fazia puto de ideia quem fosse) em plenos pulmões.

- O teu coração vai mais cheio para casa. Vai mesmo sobretudo porque confiam em ti. Por outro lado, a tua cabeça fica de mal a pior. Às vezes sais de lá com dores e percebes até que a tua memória, se dantes não era grande charuto, agora é ainda pior. Mas estamos a falar do coração, claro. 

Já lá vai um ano disto. Começo a pensar que deveria cobrar 5 cêntimos por cada "Catariiina" que oiço numa tarde. Ficaria rica num ápice.

1 comentário:

  1. Trabalhar com crianças é bastante desafiante, mas recompensador também! Chegamos a casa de cabelos em pé, mas com o coração muito mais aconchegado. Despertam-no o nosso melhor lado e colocam-nos à prova constantemente. E aprendemos com elas todos os dias. Nem sempre é um mar de rosas, por vários motivos, mas a vida seria muito mais vazia sem esta oportunidade *-*
    (tenho que ir procurar quem é a Soraia Ramos)

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"Eu desejava dizer muitas coisas à rapariga que roubava livros, acerca de beleza e brutalidade. Mas o que podia eu dizer-lhe acerca dessas coisas que ela não soubesse já? Queria explicar-lhe que estou constantemente a sobrestimar e a subestimar a raça humana - que raramente me limito a estimá-la. Queria perguntar-lhe como podia a mesma coisa ser tão horrível e tão gloriosa, e as suas palavras e histórias tão nefandas e tão brilhantes", Mark Zusak em " A Rapariga que roubava livros"

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