Nunca fui muito pessoa de tirar fotos, acho sempre que fico mal: seja a minha expressão, uma madeixa de cabelo caída, a boca semi aberta, enfim.
Lembro-me que quando fui para Praga olhei de soslaio para a câmara da C. Eram cinco da madrugada, ainda no aeroporto de Lisboa à espera de embarcar, e a miúda saca da máquina para nos tirar uma foto. Estava demasiado sonolenta para protestar, por isso alinhei. Mesmo quando lá chegámos, vi inúmeros turistas a fazerem poses para a câmara e a usarem os famosos selfie sticks. Confesso que houve alturas da viagem em que começava a sentir uma certa preguiça de tirar a minha Canon - o facto de estar um frio de rachar e ter de tirar a minha querida luva para carregar no obturador também não me motivava muito - e, depois de me ter certificado pelo canto do olho que a C. já estava a registar os nossos momentos, deixei-me ficar quieta a observar aquela cidade envolta num manto de nevoeiro. Soube-me tão bem olhar para nada, mas ao mesmo tempo... para tudo. Às vezes, olhava para a C. e ela simplesmente sorria-me, sem nada dizer. Fiz o mesmo, com o coração eternecido.
Há uns meses atrás resolvi pôr em prática uma ideia que tinha desde os tempos de liceu. Comprei um quadro de cortiça, pioneses, fui imprimir algumas fotos e pendurei na parede do quarto. Não podia ter ficado mais satisfeita com o resultado porque aquele quadro acabou por se tornar num pedacinho de mim. Óbvio que as fotos de Praga também lá estão. Como diz o Miguel Sousa Tavares: "... quando guardam para sempre um instante que nunca se repetirá, as fotografias não mentem - esse instante existiu mesmo."
Muito obrigada pelas palavras :) sem duvida que tens razão, tudo depende da maneira como vemos e reagimos perante as situações.
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