27/04/17

Os finibons



Enquanto descia as escadas rolantes do shopping, vi uma máquina cheia de peluches. Daquelas que ao inserir uma moeda, temos a oportunidade de "pescar"  um deles com um gancho. Comentei com o amigo que estava comigo: "Quando era miúda, os meus pais nunca me deixavam jogar aquilo, sempre achei uma piada!" Passamos por ela e ele coloca uma moedinha. "Vá, tenta a tua sorte". Óbvio que não consegui nenhum peluche mas senti-me com 7 aninhos outra vez. No compartimento ao lado, tinham um monte de finibons e acabei por conseguir fisgar um. No fim, oiço o meu buddy: "Fogo, chouriça, não tens muito jeito com estas máquinas. Não admira que os teus pais não te deixassem jogar...". Repliquei com um seco obrigadinha enquanto levava o ácido rebuçado à boca. Também era do vosso tempo? Tão bem me lembro de ficar com a língua tingida de tanto comer isto na escola.... :D

10/04/17

Quando a vida nos dá limões...

Tudo começou com um telefonema às 7 da manhã. Fora do vulgar e o suficiente para abalar o meu mundo. O meu pai precisava de mim e, apenas tive tempo para saltar da cama, ligar à chefe a explicar a situação, vestir qualquer coisa e sair de casa. 

Durante o caminho, repetia as suas palavras na minha cabeça: "Dói-me mesmo o peito, podíamos ir ao hospital?" Sentia-me triste e zangada, ao mesmo tempo, por ele não me ter ligado logo, por ter esperado tantas horas até me pedir ajuda.  Por experiência, nestas alturas não existe tempo para hesitações, somente tempo para agir. Chamar o 112, ajudar os paramédicos naquilo que precisassem e NUNCA, em circunstância alguma, poderia perder a calma. Era legítimo estar nervosa mas, perder a cabeça, seria a minha sentença.  

Uma vez que não podia ir com os paramédicos na ambulância, fui ter ao hospital noutra viatura. O dia estava longe de acabar. Chegar lá, pedir informações a funcionários frustrados com a vida - havia lá um segurança cuja sensibilidade faria furor num estabelecimento prisional mas num hospital passava por incompetente - andar para trás e para a frente à procura do meu pai. Tudo isso é tolerável, tudo menos... a espera. Disseram-me que só poderia ir vê-lo às 11h. Olhei para o telemóvel e roguei uma praga aos dígitos que via no ecrã: 9h15. Vi o meu pai a passar por mim de relance numa cama, rodeado de médicos, enquanto me chamava. 


 Foi a gota de água. É também nestas alturas que a raça humana me surpreende porque, enquanto soluçava, o rapaz sentado ao meu lado dizia-me: "Não fiques assim, vai correr tudo bem. Vão tratar bem dele." Mal ele sabe o quanto me ajudou, porque ali à conversa ajudou o tempo a avançar bem mais depressa. O que assusta é o desconhecido, é o não saber o que está do outro das portas que dá cabo de nós. Um pouco antes das 11h, disseram-me que o meu pai estava bem e que se encontrava no serviço de Cardiologia. 

Agradeci a todos os anjinhos enquanto percorria, mais uma vez, os corredores do hospital. Foi dos piores dias da minha vida mas, como costumo dizer... depois de tanta merda que já enfrentei, venha um touro que eu agarro-o pelos cornos. As mensagens de apoio também foram caindo no telemóvel. Mesmo com um feitio de merda, tenho malta que se preocupa comigo, portanto, alguma coisa de bem eu fiz :-) 
Devaneios Lisboetas. Com tecnologia do Blogger.

Vamos devanear?

devaneioslisboetas@gmail.com

Acerca de mim

A minha foto
"Eu desejava dizer muitas coisas à rapariga que roubava livros, acerca de beleza e brutalidade. Mas o que podia eu dizer-lhe acerca dessas coisas que ela não soubesse já? Queria explicar-lhe que estou constantemente a sobrestimar e a subestimar a raça humana - que raramente me limito a estimá-la. Queria perguntar-lhe como podia a mesma coisa ser tão horrível e tão gloriosa, e as suas palavras e histórias tão nefandas e tão brilhantes", Mark Zusak em " A Rapariga que roubava livros"

Blog Portugal

A devanear comigo